FOTO - Casa da família Dreher, que se tornou hotel, depois Casa Canônica e por fim em 1939 adquirida pela Ordem Lassalista, se transformou em salas de aula às quatro séries ginasial. Também conhecido como "Chateau".
Já a partir de 1952, recém chegado do interior, meus irmãos e eu fomos estudar no Grupo Escolar de 1º Grau André Leão Puente, onde conclui o primeiro ano do primário. Pena que não restou uma só foto para documentar essa passagem pelo histórico André Leão Puente, há anos demolido impiedosa e insensivelmente pela gana de progresso, como se Canoas e centenas ou milhares de canoenses não tivessem uma história de passado.
Já no ano seguinte fomos, meus irmãos e eu, obviamente, estudar no Externato São Luiz (assim mesmo com "Z"), pertencente à Congregação de São João Batista de La Salle, padroeiro dos professores, onde permaneci até 1958, mesmo que meus pais eram pobres, mas desejosos de que tivéssemos bom estudo. E o Externato São Luiz gozava de excelente credibilidade e tinha também uma qualidade de ensino que hoje não se tem mais. Lá cursei todos os faltantes quatro anos do primário, até a segunda série do curso ginasial. A primeira série ginasial tinha como sala de aula uma das peças do antigo - e já demolido - chateau ou chatô, enquanto que a segunda série ginasial fora ministrada no prédio, também já demolido, que havia sido o refeitório dos irmãos Lassalistas, onde hoje resta como local de recreio e da copa-barzinho ou lancheria. O chatô, que foi residência da família Dreher, foi adquirida pelos Irmãos Lassalistas em 1939, e se localizava defronte à Estação Ferroviária. Passou a ser chamada de "chatô", por muito tempo, por influência dos irmãos franceses da escola lassalista, como contou o Irmão Henrique Justo. Já o irmão Norberto Luís Nesello, decano dos lassalistas em Canoas, lembra que a casa havia sido sede perovincial da Ordem dos Lassalistas, depois de ser hotel, que fora, também, casa canônica, sendo o padre / cônego José Leão Hartmann seu último ocupante, por volta de 1939. E, por fim sede das quatro salas de aula do curso ginasial.
LEGENDA - Time da 2ª Série Ginasial, em 1958. Em pé: Ildefonso, Henemann, Alceu Medeiros de Souza (o Zi), Geraldo Alberto Machado e o Irmão Ildefonso. Agachados: Francisco Antonio Pagot (o Xico Júnior), Adão Ronei, Vicente e Edison Linck Rocha.
Nesse tempo de Externato São Luiz foram meus professores e regentes, os lassalistas: Irmão Norbeto Luís Nesello, que lecionava Português, Francês e Geografia; o Irmão Mansueto que ensinava Matemática e Trabalhos Manuais; o Irmão Sérgio, que no recreio andava sempre com uma correntinha na mão. Bastava algum aluno ter alguma atitude fora das normas disciplinares impostar pelo colégio que lá vinha a reprimenda com uma chibatada dada com a correntinha. Já no curso ginasial foram professores-regentes, o Irmão Imério e o Irmão Ildefonso. A última vez que o vi foi num café colonial em Morro Reutter, trajando um terno verde-oliva e muito bem acompanhado, quando me informou que havia deixado o hábito de religioso e estava se transferindo para Santa Catarina onde iria lecionar na Universidade de Florianópolis. Além dos citados, foram também meus professores os irmãos Martinho, professor de Matemática e um excelente canhotinha no jogo de pingue-pongue; Irmão Balduino, irmão Heriberto, apaixonado por futebol e fã do meu saudoso primo Américo Pagot, que à época jogava como zagueiro do Grêmio Esportivo Flamengo, de Caxias do Sul, hoje transformado em G. E. Caxias. O irmão Heriberto, havia estado como professor no Colégio Nossa Senhora do Carmo, em Caxias do Sul, quando acabou se tornando professor, incentivador e fã do primo Américo.
Nessa época, bem diferente de hoje em dia, a desobediência ou desacato ao professor gerava castigo. E castigo tipo: reguada nas mãos, ficar ajoelhado sobre grãos de milho ou não e junto à porta à visão de todos ou ter que escrever, por exemplo, 1.000 vezes "Não devo desrespeitar o professor" ou "Não devo deixar de fazer os temas de casa". No intervalo entre uma aula e outra ou mesmo no recreio não poder sair da sala de aula junto com os colegas, e coisas do gênero. A avaliação curricular era feita mediante provas semanais e mensais e trabalhos feitos em casa, e assim eram atribuídas as notas de cada mês, que eram transcritas para uma caderneta para que os pais pudessem acompanhar o desenvolvimento de cada aluno. Além disso, o processo disciplinar era revelado através de "boletins" de quatro cores: o rosa, que significava excelente participação e comportamento; o verde, que representava ser bom; o amarelo significava comportamento regular e o branco simbolizava um comportamento ruim, péssimo. E três "boletins brancos" determinavam a expulsão do aluno do colégio. Era um tanto raro que eu merecesse boletim rosa, geralmente era verde ou amarelo. E os pais tinha que assinar os tais boletins. Não foram poucas as vezes que, para não apanhar em casa devido a "cor do boletim", eu obrigava o meu irmão mais novo a não mostrar o dele e assim eu falsificava a assinatura do pai em ambos os boletim, no trajeto que fazíamos para encurtar o caminho, que era o mato da serraria dos Würth, que ocupava uma boa área na esquina da rua Dr. Barcelos com a Domingos Martins.
Ah, que bom seria, e o quanto melhor para os alunos, pais e professores, se aquela metodologia disciplinar vigisse hoje!
Não! Não! Hoje não pode. A lei, idiota e protecionista na questão (in)disciplinar, proíbe. Dá processo judicial contra o ou a professor (a) e o próprio colégio, quando não a transferência do professor para uma outra escola qualquer. Essa, dizem, que é a evolução disciplinar. E há de se acreditar.
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