quarta-feira, 24 de março de 2010

Tudo acontece de repente ... e às vezes com a ajuda de um bom cicerone

Como já foi dito, a palavra escrita só existe prá registrar a palavra falada. E meu hodômetro está chegando nos 66 (hoje já próximo dos 7.0), e eu, da vida badalativa plena passando para uma fase de quase ermitão, mergulhado no próprio casulo. É daí que vêm as lembranças de toda uma trajetória de altos e baixos profissionalmente, mas sempre elevada em termos de dignidade, posto que sempre dei valor às coisas, não pelo que valem, mas pelo que significam, pela sua essencialidade em relação aos valores humanos. E assim, aqui, deixo a descoberto a minha alma e os meus sentimentos, sem me importar com escrúpulos, opiniões de terceiros ou por me importar com comentários que fogem a linha da elegância. Só me valem as opiniões e os comentários de pessoas que são verdadeiros "gentlemen".

E foi em meados de 1966 que, de repente e sem saber exatamente porque, fui surpreendido com o convite para escrever no jornal. Era O Timoneiro, semanário, recém lançado. Jamais me passara pela cabeça tal feito, então pedi uns dias para pensar. Como ia muito a festas, e sendo filho de pais pobres, o que gastava para participar das festas representava bastante, acabei aceitando, porém com a condição de fazer crônica social. Ou como disse: "Só se for prá fazer cobertura das festas". Aliás, crônica social: coisa que sequer tinha lido uma única vez na vida. Aceito o desafio, pus-me a campo, sem eira nem beira. No meio do caminho não havia uma pedra, como versou o poeta Carlos Drummond de Andrade, mas o fotógrafo Luciano Montagna, que já tinha um certo pique e conhecia muitas das personalidades, mulheres e garotas que freqüentavam as boas festas. Assim, ele acabou tornando-se, profissionalmente, o meu cicerone.

E nesse exato ano de 1966, no dia 13 de agosto, uma sexta-feira (nada bom para os superticiosos), era lançada a edição Nº 13 do Almanaque Tio Patinhas. Mera coincidência, acredito.

Foi sendo levado, orientado e apresentado pelo amigo e fotógrafo Luciano Montagna que fui me infiltrando, primeiramente, entre a turma da juvenilíssima. Assim, com ele fazendo as fotos e me cedendo para postar na coluna, fui me tornando conhecido e, felizmente, bem lido. Semanalmente, às sextas-feiras, era aquele fuzuê prá ler a minha coluna, especialmente as meninas, e cada qual mais linda do que as outras. E lá iam especular prá ver quem eu tinha destacado, citado o nome ou feito alguma fofoca (no bom sentido, e nisso a "Candinha" nem precisava se preocupar, pois eu não era concorrente dela). E gradualmente fui conhecendo também as mulheres, os casais, as personalidades e autoridades da cidade e, inclusive entre eles, passei a ser, sem falsa modéstia, super bem aceito, lido e respeitado. O número de leitores, assim, ia aumentando à cada edição, a cada semana.


O primeiro evento de destaque que cobri como cronista social - prefiro o termo cronista, porque me parece ser mais adequado ao comentário, à crônica e à crítica acerca de política, arte, literatura e vida social - foi o Baile de Debutantes do Clube Cultural Canoense, quando, então, posei com a debutante Sônia Jardim, na minha primeira foto como cronista. O segundo registro fotográfico, ainda como cronista, foi também no Clube Cultural Canoense ao lado de colegas, por ocasião da escolha da Miss Objetiva do CCC, título que ficou com a canceriana Diana Rejane Schumann, que depois fez televisão na TV Piratini e cinema aqui no Sul com Taixeirinha, seguindo logo para o centro do País, onde trabalhou em novelas da Rede Globo, como está estampado nesta página.

Iniciei na terceira edição do semanário O Timoneiro, como disse, numa sexta-feira 13 de agosto de 1966, assinando com o nome de batismo. A partir da edião nº 4, que circulou no dia 20 de agosto, passei a adotar o pseudônimo de Xico Júnior. Um criptônimo que acabou virando um nome e uma referência no jornalismo citadino.

No início, como jamais havia sequer lido coluna social, me utilizei da técnica do pastiche, e me inpirava no amigo Luiz Carlos (Machado) Lisboa, que à época assinava a coluna social "Painel", na hoje extinta Folha da Tarde, da Companhia Jornalística Caldas Júnior, então pertencente ao "velho" Breno Caldas. Já no final de 1966 até fins de 1968 fui correspondente da Folha da Tarde, sob a coordenação de Flávio Carneiro, além de assinar a coluna social sobre os acontecimentos sociais de Canoas. Deixei a Folha da Tarde, quando incumbido de fazer uma reportagem sobre a inacabada ponte do Rio dos Sinos (a travessia era ainda feita por balsa), que ligaria Canoas ao então segundo distrito de Santa Rita, pois a Caldas Júnior - como acontece muito ainda hoje nos chamados "jornalões" - não dispunha de um carro, nem fotógrafo e menos ainda dinheiro para que pudesse me deslocar até o local para a realização da dita reportagem. Me restava uma única alternativa: recorrer ao bom senso do prefeito Hugo Simões Lagranha.

Como eu era amigo do prefeito Hugo Simões Lagranha, e como amigo ele confiava em mim, consegui que me liberasse (em off) fotos e matérias referentes ao projeto e as obras da inacabada ponte. No dia seguinte do envio da matéria, as duas página centrais da Folha da Tarde - então um espaço nobre reservado para reportagems de relevância - saiu publicada a reportagem assinada por mim. No dia imediato fui ao Flávio Carneiro e pedi as contas. Encerrou-se aí o meu período de correspondente da Folha da Tarde.
Esta balsa, do mesmo modelo e estilo da que era utilizada nos anos 60 na travessia do Rio dos Sinos, na ligação Canoas com o 2º Distrito de Santa Rita (hoje município de Nova Santa Rita), é utilizada na travessia do rio entre Sapucaia do Sul e Nova Santa Rita.
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domingo, 21 de março de 2010

58 anos, desde a cidade-vila à metrópole tripartite, acimentada e cheia de espigõe-gaiolas

Sim, 58 anos completou no último mês de fevereiro de 2010 que, por escolha e decisão de meus pais, acabei adotando Canoas como minha segunda cidade. E desses, 44 anos de jornalismo, um marco que jubila com mérito - perdoem a imodéstia - e persistência, e uma boa dose de teimosia, porque não, os esforços na crença do propósito que abracei por espontânea convicção.

Em 44 anos mudou muita coisa. A cidade se desenvolveu, a população cresceu e o censo demográfico e o percentual de novos habitantes que migram anualmente para cá dá o perfil do gênero de cidade que Canoas se tornou. Evoluiu arquitetonicamente e também nos seus meios de tranportes, coletivos e particulares. Mas perdeu - e muito - em qualidade de vida, em senso de fraternidade e como centro de uma civilização sansatamente humana, consciente. Os cinturões de pobresa e miséria foram formando-se à indeferença das autoridades, uma após a outra. Aniquilaram com o seu verde, extinguiram seus espaços que davam uma perfeita e tranqüila liberdade, enquanto cobriram seus campos e vegetações com a carapuça da insensata ganância. Canoas, do saudoso romantismo, da fraternidade incondicional que aprendi a amar, e que hoje, desfigurada e desumanizada, cultural, histórica e social, apenas a suporto.

Iniciei no jornalismo numa época que nem a máquina de escrever, elétrica, existia, e chego, hoje, a viver e conviver com a grande Rede Mundial de Computadores, quando a informática encurta caminhos, aproxima as pessoas, mesmo que virtualmente, o que antes não era sequer imaginável. E com isso me comunico com o mundo, gente que sequer imagino como sejam, como vivem ou quem realmente são. Fico sabendo de quase tudo, até porque esse sistema de comunicação é uma forma de desmascarar muito do que a milênios vinha sendo guardado a sete chaves: o "doppio giocco" patrocinado e apadrinhado pelos governantes, políticos, igrejas, a Católica de modo mais persistente e duradouro, e a elite global dominante.

De uma cidade pouco mais do que uma vila pontuada de campos e vegetação farta, tornou-se, na atualidade, numa metrópole coberta de asfalto, tripartida em muros e portentosa em espigões-gailolas, onde as pessoas vivem como pássaros engaiolados, em meio a selva de pedra, desumanizada, descaracterizada da sua originalidade histórica e desimportada da sua valorização cultural. A histórica linha férrea da tradicional "Maria Fumaça", que fumegante cortava ao meio a cidade com sua "barriga prenha de gente", trabalhadores em idas e vindas a Porto Alegre nas madrugadas e finais de tarde, ou mesmo aos altos da região dos Campos de Cima da Serra, foi, tristemente, cedendo espaço ao metrô de superfície, e agora é apenas parte da história.

Uma história roubada e ignorada em muito de suas ralíquias culturais e arquitetônicas. Alteraram-se os meios, mas ainda não desgastaram de todo o objetivo fundamental que me moveu e comoveu e acabou me levando para o jornalismo: meio de informar, historiar e formar com precisão, imparcialidade e, acima de tudo, com a "verdade factual".
Formatura da Turma do 4º Ano Ginasial do Colégio Estadual Marechal Rondon, em 1961, meus ex-colegas: Na foto à esquerda, indicado pela seta, o hoje médico Indalécio Medina e logo atrás, à esquerda, a Agostinha Alvarez. E na foto à direita, no centro, Eloisa Pinheiro de Menezes, casada adotou o sobrenome Blauth.

Foi nesse embalo, nesse ritmo que, após ter abusado e bisado em reprovação na Escola Estadual Marechal Rondon, que também inaugurei como aluno em 1959, formei-me "Mestre Agrícola" no GAPA - Ginásio Agrícola Porto Alegre, que até o ano anterior era o Patronato Agrícola Senador Pinheiro Machado, que se localizava no alto do Morro Agronomia, no bairro do mesmo nome, nos fundos das faculdades de Agronomia e Veterinária, em Porto Alegre, nos anos de 1962 e 1963. De lá, em 1964, ingressei no Colégio Comercial Canoas, onde conclui o Curso de Técnico em Contabilidade, enquanto que, no período em que estudei no Colégio Estadual Marechal Rondon, também trabalhava das 8 horas da manhã às 18 horas da tarde, na Farmácia Porcello, na Victor Barreto, onde localiza-se hoje o Soppping Via Porcello. E durante o curso de Contabilidade fui funcionário do extinto Banco Agrícola Mercantil, depois, através de fusão com o Banco Moreira Salles, passou para Unibancos e finalmente Unibanco. Isso de 1964 a meados de 1968, quando, a convite do saudoso Alcides Scolari, tio do famoso treinador de futabol Luiz Felipe Scolari (o Felipão), com quem joguei algumas partidas, tanto pela Atlantic como pelo Grupo Scolari, formado pela transportadora de combustíveis e postos de gasolina Scolari, ora em campos da Vila Rio Branco, ora no campo da Vila Igara, fui trabalhar no escritório da Companhia Atlantic de Petróleo, então localizada à beira do Rio Gravatai.

Companhia Atlantic de Petróloa 1969/1970 - Em pé: Homero, Embi. Alcides Scolari (de terno e gravata), ..., Walkir Klinemann (superintendente), Lauro, Francisco Antonio Pagot (o Xico Júnior) e ... Agachados: ..., ..., ..., ... e Ivo.

Depois do GAPA - Ginásio Agrícola Porto Alegre, onde fui interno durante dois anos (1962 e 1963), e que até 1961 havia sido um internato com regime de Patronato Agrícola Senador Pinheiro Machado (regime assemelhado ao dos quartéis do Exército da época) e do Colégio Comercial de Canoas (1964 a 1966), quando conclui o Curso de Técnico em Contabilidade, curso que só me serviu, na vida prática, para exercitar as quatro operações matemáticas básicas. Então, influenciado pela minha saudosa mãe e pelo amigo e fotógrafo Luciano Montagna, fui prestar vestibular para o Curso de Direito na Unisinos, mas em tempo acabei percebendo que não era o que eu queria. Anos depois prestei vestibular para o Curso de Comunicação Social, quando ainda congregava, numa única graduação, as categorias de Jornalismo, Propaganda e Publicidade e Turismo. No meio do curso entendi que ali pouco mais do que já sabia de prático sobre jornalismo ou propaganda e publicidade eu aprenderia, posto que cada professor transmitia os conhecimentos conforme a sua tendência ou preferência político-partidária. E juntando o fato de ter-me separado do primeiro casamento, resolvi abandonar de vez também esse curso. Assim, tornei-me um jornalista e radialista, devida e legalmente registrado, porém auto-didata. E foi o que teimosamente segui, a partir de uma sexta-feira 13 de agosto de 1966, a minha vida toda. Daí nunca ter sido superticioso com relação a datas, fundamentalmente em relação ao número 13.

GAPA 1963 - Francisco Antonio Pagot (Xico Júnior), Oscar De Lucca, Sérgio Narigudo e Vanderley (o Élvis Presley ou "Paciência") em frente ao prédio do Ginásio Agrícola Porto Alegre, no alto do Morro da Agronomia, em Porto Alegre.

A vida tem muitos ângulos de obsrvação, sendo que alguns ficam por muito tempo como que escondidos, desapercebidos, e de repente se nos aparecem, se deixam descobrir e aí a vida nos convida à refletir sobre a temporariedade e a essencialidade do se ser. E somos todos tão fugazes, enquanto que o que parece ser o essencial é imponderável.

E foi sob essa forma de pensar, sentir e refletir que fui encontrando as múltiplas faces do que a vida nos proporciona, nos oferece e que na maioria das vezes parecem prêmios ou uma distinção que só nós podemos usufruir, por sermos únicos, quando na verdade o passar do tempo faz com que a máscara caia e exponha a verdadeira realidade que compõe os comportamentos, as atitudes e os interesses, tudo tão efêmeros quanto hipócritas.

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terça-feira, 16 de março de 2010

Externato São Luiz (La Salle) nos anos 50: Álbum de fotos

1 - Turma do 2º Ano Primário, 1953 - Sentados: Adalberto Schen, Edmundo Cavalin, Francisco Antonio Pagot (Xico Júnior), ..., Antônio Munari, Diogo. - 1ª Fila: Carlos Santos Rocha Filho, ..., André Nichele, ..., ..., ..., Omar Uequed, Paulo Mallmann, Nelson ... e ... - 2ª Fila: ..., ..., Antoninho, Antônio Bittencourt, Indalécio Medina, ..., Edison Linck Rocha, Breyer, Orêmio Roque de Mello, ... e Irmão Mansueto (regente da turma). - 3ª Fila: ..., ..., ..., Vergara, Vanderley Mahfuz, Abreu, Cláudio, ..., ... e Jorge Guglieri. - 4ª Fila: Luiz Fernando Loureiro, ..., Felipe Nichele, ..., Elizaldo Longhi, ... Wobeto, ..., Luiz Antônio Possebon, Milton Cattani e ...
 2 - Turma do 3º Ano Primário, 1954 - Sentados: Carlos Santos Rocha Filho, Adalberto Schen, ..., Orêmio Roque de Mello, Carlos Gilberto Fernandes de Vargas, Paulo Mallmann e José Scaranto. - 1ª Fila: ..., Antônio Bitencourt, ..., ..., Francisco Antonio Pagot (Xico Júnior), Edmundo Cavalin, ..., ..., ..., Antônio Munari, ... e Diogo. - 2ª Fila: Felipe Nichele, Setembrino Capuá, "Espanhol", Antoninho, Azambuja, ...., André Nichele, Indalécio Medina, ..., Gustavo Longhi, ... e Vergara. - 3ª Fila: ..., Cláudio, Jorge Guglieri, Raul, ..., Cláudio, Edison Linck Rocha, Abreu, ..., Milton Cattani e Paulo Odone Machado (o Pila). - 4ª Fila: ..., Luiz Antônio Possebon, ..., Conceição, Wobeto, Vicente, ..., ..., Elizaldo Longhi, ..., ..., ..., e ...
 3 - Turma do 4º Ano Primário, 1955 - Sentados: ..., ..., Antônio Munari, ..., ..., ..., Carlos Gilberto Fernandes de Vargas, Adalberto Schen e ... - 1ª Fila: Francisco Antonio Pagot (o Xico Júnior), ..., ..., Orêmio Roque de Mello, ..., ..., ..., ..., ..., ..., ..., Antonio Luiz Cardoso, Leoni, José Scaranto e Brandalise. 2ª Fila: Elizando Longhi e os demais não lembro o nome - 3ª Fila: Também nenhum nome lembrado - 4ª Fila: Conceição, Setembrino Capuá, o penúltimo o Wobeto e Paulo Odone Machado (Pila) .
 4 - Turma do 5º Ano Primário, 1956 - 1ª Fila: Betão Soares, Antônio Munaro, ..., Francisco Medeiros de Souza, Adalberto Schen, ..., Carlos Gilberto Fernandes de Varsgas, Francisco Antonio Pagot (o Xico Júnior), Edmundo Cavalin e José Scaranto. - 2ª Fila: Harvey Azambuja, Gustavo Longhi, Antônio Bitencourt, ..., ..., "Espanhol", ..., ..., Brandalise e Paulo Mallmann. - 3ª Fila: ..., ..., ..., Nelson Senger, José Henemann, ..., ..., ..., Vanderlei Rycembel, ... e ... - 4ª Fila: ..., ..., ..., Geraldo Alberto Machado, ..., Wobeto, ..., ... e ... - 5ª Fila: Milton Cattani, ..., ..., Vicente, ..., ..., Edison Linck Rocha e Alceu Medeiros de Souza ( o Zi). - 6ª Fila: Luiz Antônio Possebon, Costa, ..., Cláudio, ..., ...e .... - 7ª Fila: ... e João Blanck
 5 - Turma da 1ª Série Ginasial, 1957 - Sentados: ..., Francisco Antonio Pagot (o Xico Júnior), Adalberto Schen, Irmão Balduino (regente), Carlos Gilberto Fernandes de Vargas, ... e Olegar Lopes (atual dirigente da ASMC). - 1ª Fila: ..., ..., ..., ..., André Nichele, Osmar Arneck, ... e Antônio Bitencourt. - 2ª Fila: Alceu Medeiros de Souza ( o Zi), José Henemann, ..., ..., Nelson Senger, ... e ... - 3ª Fila: ..., Costa, ..., Edison Linck Rocha, ..., Renato Tups, Geraldo Alberto Machado e ... - 4ª Fila: Adão Ronei dos Anjos, Telmo Senger, Costa, ..., Ildefonso, ..., ..., Alceu Lima e ...
 6 - Turma da 2ª Série Ginasial, 1958 - 1ª Fila: ..., ..., Homero Campão, ..., Vilalba e Francisco antonio Pagot (o Xico Júnior). - 2ª Fila: Irmão Norberto Luiz Nesello (regente), ..., Luiz Antônio Possebon, Geraldo Alberto Machado, ..., ..., ..., Harvey Azambuja e Edmundo Cavalin. - 3ª Fila: José Baladão, ..., Darci, ...., Adroaldo, ..., Nelson Senger, ...., Edison Linck Rocha, Ildefonso. - 4ª Fila: João Blanck, ..., ..., José Camilo, ..., Erni Toniollo, ..., Adão Ronei dos Anjos e ...
 7 - Congregaççao Mariana - 1953 - Sentados: Paulo Irceu da Silva, Antônio Carlos Flório Escobar, Irmão Ricardo Afonso (Coordenador da Congregação), Irmão Albano (diretor do Externato São Luiz), os irmãos Valmir e Antenor Balbinot. - 1ª Fila: Sérgio, ..., Sérgio Silveira, Airton Ulisses Gall, José Guciardi, Cláudio Fernando Martini, Marcos Martini e Leoni Leite. - 2ª Fila: ..., ..., André Nichele, ..., Aristides ...,  José Scaranto e Carlos Gilberto Fernandes de Vargas. - 3ª Fila: Brandalise, Antônio Munari, ..., Milton Cattani, Marcos Müller, ...., Francisco Antonio Pagot (o Xico Júnior) e ... - 4ª Fila: ..., ..., Adroaldo, Gilberto Both, ..., Pinho, Paulo Afonso Silveira e Victor Hugo Martini.
8 - Turma do 2º Ano Ginasial do Externato São Luiz - 1959: 1ª Fila - 1º) Plauto Paim, 2º) Danilo Cogo, 3º) Antoninho, 5º) João Carlos Boll, 7º) Enio Terroso, 8º) Armando Freitas e 9º) Toledo. 2ª Fila - 2º) Bruno Thiesen, 3º) Manoel (Maneca), 4º) Francisco (Chico) Breyer, 9º) Francisco Antonio Pagot (Xico Júnior), 10º) Ademir D´Arrigo (Polenta) e 11º) Irmão Balduíno. 3ª Fila -1º) Edison Linck Rocha, 2º) Setembrino Capuá, 3º) Joel Dória Ferreira, 7º) Antônio Munari, 8º) Alceu Medeiros de Souza (Zi) e 10º) Oliveira. 4ª Fila - 1º) Ubirajara, 3º) Adroaldo, 4º) Jairo Viegas, 5º) Antônio Bittencourt, 6º) Milton Cattani e 8º) Hélio.  
 8 - Lembrança do Externato São Luiz, foto tirada em 1956, quando cursando o 5º Ano Primário. Era praxe todos os alunos tirarem esse tipo de foto para guardarem como lembrança.

IMPORTANTE: Quem conhecer os alunos cujos nomes não foram por mim lembrados, peço a gentileza de entrarem em contato pelo
E-mail: la-stampa@ig.com.br ou Fone: (51) 3472-6666 

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segunda-feira, 15 de março de 2010

O tempo do ensino e do aprendizado com conhecimento e responsabilidade

FOTO - Casa da família Dreher, que se tornou hotel, depois Casa Canônica e por fim em 1939 adquirida pela Ordem Lassalista, se transformou em salas de aula às quatro séries ginasial. Também conhecido como "Chateau".

Já a partir de 1952, recém chegado do interior, meus irmãos e eu fomos estudar no Grupo Escolar de 1º Grau André Leão Puente, onde conclui o primeiro ano do primário. Pena que não restou uma só foto para documentar essa passagem pelo histórico André Leão Puente, há anos demolido impiedosa e insensivelmente pela gana de progresso, como se Canoas e centenas ou milhares de canoenses não tivessem uma história de passado.

Já no ano seguinte fomos, meus irmãos e eu, obviamente, estudar no Externato São Luiz (assim mesmo com "Z"), pertencente à Congregação de São João Batista de La Salle, padroeiro dos professores, onde permaneci até 1958, mesmo que meus pais eram pobres, mas desejosos de que tivéssemos bom estudo. E o Externato São Luiz gozava de excelente credibilidade e tinha também uma qualidade de ensino que hoje não se tem mais. Lá cursei todos os faltantes quatro anos do primário, até a segunda série do curso ginasial. A primeira série ginasial tinha como sala de aula uma das peças do antigo - e já demolido - chateau ou chatô, enquanto que a segunda série ginasial fora ministrada no prédio, também já demolido, que havia sido o refeitório dos irmãos Lassalistas, onde hoje resta como local de recreio e da copa-barzinho ou lancheria. O chatô, que foi residência da família Dreher, foi adquirida pelos Irmãos Lassalistas em 1939, e se localizava defronte à Estação Ferroviária. Passou a ser chamada de "chatô", por muito tempo, por influência dos irmãos franceses da escola lassalista, como contou o Irmão Henrique Justo. Já o irmão Norberto Luís Nesello, decano dos lassalistas em Canoas, lembra que a casa havia sido sede perovincial da Ordem dos Lassalistas, depois de ser hotel, que fora, também, casa canônica, sendo o padre / cônego José Leão Hartmann seu último ocupante, por volta de 1939. E, por fim sede das quatro salas de aula do curso ginasial.

LEGENDA - Time da 2ª Série Ginasial, em 1958. Em pé: Ildefonso, Henemann, Alceu Medeiros de Souza (o Zi), Geraldo Alberto Machado e o Irmão Ildefonso. Agachados: Francisco Antonio Pagot (o Xico Júnior), Adão Ronei, Vicente e Edison Linck Rocha.

Nesse tempo de Externato São Luiz foram meus professores e regentes, os lassalistas: Irmão Norbeto Luís Nesello, que lecionava Português, Francês e Geografia; o Irmão Mansueto que ensinava Matemática e Trabalhos Manuais; o Irmão Sérgio, que no recreio andava sempre com uma correntinha na mão. Bastava algum aluno ter alguma atitude fora das normas disciplinares impostar pelo colégio que lá vinha a reprimenda com uma chibatada dada com a correntinha. Já no curso ginasial foram professores-regentes, o Irmão Imério e o Irmão Ildefonso. A última vez que o vi foi num café colonial em Morro Reutter, trajando um terno verde-oliva e muito bem acompanhado, quando me informou que havia deixado o hábito de religioso e estava se transferindo para Santa Catarina onde iria lecionar na Universidade de Florianópolis. Além dos citados, foram também meus professores os irmãos Martinho, professor de Matemática e um excelente canhotinha no jogo de pingue-pongue; Irmão Balduino, irmão Heriberto, apaixonado por futebol e fã do meu saudoso primo Américo Pagot, que à época jogava como zagueiro do Grêmio Esportivo Flamengo, de Caxias do Sul, hoje transformado em G. E. Caxias. O irmão Heriberto, havia estado como professor no Colégio Nossa Senhora do Carmo, em Caxias do Sul, quando acabou se tornando professor, incentivador e fã do primo Américo.

Nessa época, bem diferente de hoje em dia, a desobediência ou desacato ao professor gerava castigo. E castigo tipo: reguada nas mãos, ficar ajoelhado sobre grãos de milho ou não e junto à porta à visão de todos ou ter que escrever, por exemplo, 1.000 vezes "Não devo desrespeitar o professor" ou "Não devo deixar de fazer os temas de casa". No intervalo entre uma aula e outra ou mesmo no recreio não poder sair da sala de aula junto com os colegas, e coisas do gênero. A avaliação curricular era feita mediante provas semanais e mensais e trabalhos feitos em casa, e assim eram atribuídas as notas de cada mês, que eram transcritas para uma caderneta para que os pais pudessem acompanhar o desenvolvimento de cada aluno. Além disso, o processo disciplinar era revelado através de "boletins" de quatro cores: o rosa, que significava excelente participação e comportamento; o verde, que representava ser bom; o amarelo significava comportamento regular e o branco simbolizava um comportamento ruim, péssimo. E três "boletins brancos" determinavam a expulsão do aluno do colégio. Era um tanto raro que eu merecesse boletim rosa, geralmente era verde ou amarelo. E os pais tinha que assinar os tais boletins. Não foram poucas as vezes que, para não apanhar em casa devido a "cor do boletim", eu obrigava o meu irmão mais novo a não mostrar o dele e assim eu falsificava a assinatura do pai em ambos os boletim, no trajeto que fazíamos para encurtar o caminho, que era o mato da serraria dos Würth, que ocupava uma boa área na esquina da rua Dr. Barcelos com a Domingos Martins.

Ah, que bom seria, e o quanto melhor para os alunos, pais e professores, se aquela metodologia disciplinar vigisse hoje!
Não! Não! Hoje não pode. A lei, idiota e protecionista na questão (in)disciplinar, proíbe. Dá processo judicial contra o ou a professor (a) e o próprio colégio, quando não a transferência do professor para uma outra escola qualquer. Essa, dizem, que é a evolução disciplinar. E há de se acreditar.

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quinta-feira, 11 de março de 2010

Meu primeiro colégio: Grupo Escolar André Leão Puente, que a insensibilidade demoliu

Canoas 1953 - Em pé: Osmar Pagot, Luiz (Lui) e Paulo Bohn e Clara Maria Mahfuz. Agachados: Dirceo e Franscico Antonio (Xico Júnior) Pagot, Vanderley Mahfuz, Bruno Pagot e Marco Aurélio Mahfuz. Ao fundo, à direita, a casa que pertenceu a família Pfeil, pais do cineasta e pesquisador Antônio Jesus Pfeil, ou na época, também conhecido como "Antonio BonitoCanoas 1956 - Francisco Antonio (Xico Júnior) Pagot por ocasião da primeira comunhão. Foto do Studio Valdez, na Coronel Vicente, próximo à atual Rua da Igreja.
Canoas 1956 - Francisco Antonio (Xico Júnior) Pagot por ocasião da primeira comunhão. Foto do Studio Valdez, na Coronel Vicente, próximo à atual Rua da Igreja.
Grupo Escolar de 1º Grau André Leão Puente, primeira escola estadual de Canoas, construido em 1901. Depois passou a chamra-se Escola Estdaual de 1º Grau André Leão Peunte.

Já no ano de 1952, eu como meu irmãos, fui cursar o primeiro ano primário - hoje primeira série do 1º Grau - no Grupo Escolar de 1º Grau André Leão Puente, anos depois rebatizada de Escola Estadual de 1º Grau André Leão Puente, prédio construído em 1901, que ficava na Rua Victor Barreto, esquina com com a Napoleão Laureano e foi a primeira escola estadual a ser inaugurada em Canoas. Era uma uma construção da décadas anteriores, de nobreza arquitetônica que, demolida, restou um vazio, uma lembrança doída pelo descaso e a desimportância com a própria história em relação ao patrimônio histórico-arquitetônico da cidade. As suas paredes reuniam detalhes artísticos: as portas e os marcos das janelas de madeira de lei. Escadaria acimentada com corrimões desenhados artisticamente, portões de ferro telados, tudo rodeado por frondosas árvores nativas que enchiam de aroma aquele ambiente de um romantismo que acabou ficando apenas na memória. E tudo como se Canoas e sua gente não tivesse tido um passado, uma história a ser preservada como uma verdadeira relíquia cultural, lamentavelmente!

As autoridades, os políticos e a elite municipal dominante parece que nasceram sem qualquer sentimento de preservação, qualquer desejo de resguardar as relíquias histórico-arquitetônicas-cultural que marcam as mais importantes e românticas épocas da nossa ingorada cidade. Um dia, quem sabe, a própria história arquitetônica irá reclamar, assim como o todo cultural que praticamente inexiste, mas que, graças a alguns poucos denodados, está sendo resgatado.

Pois, alí foi minha primeira professora a saudosa Ely Machado, que anos depois viria a se tornar minha amiga, assim como sua filha. Faziam parte do corpo docente as professoras Maria Corrêa, Antoninha Flório Escobar e Odete Freitas, entre outras. Já na fase ginasial, entre as centenas de estudantes, quem se destacava ea a Valquíria Machado, que ao se casar agregou o sobrenome de Fortes. Valquíria era, sem sombra de dúvidas das mais bonitas e sensuais garotas do André Leão Puente e de Canoas, tanto que entre o grupo de rapazes passou a ser conhecida como a "Brigitte Badot de Canoas", tal o seu charme e sensualidade.

Recordo que, depois de ter sido suspenso por três dias das aulas de Latim e ter que escrever 1.000 vezes "Não devo agredir o professor", no então Externato São Luiz (assim mesmo com"Z"), hoje Colégio La Salle, por ter jogado o livro de cutelo nas costas do Irmão Imério (esse uma bajulador dos então chamados "filhinhos de papai", ou seja, gente bem financeira e socialmente), e depois de receber uma reguada nas mãos, para não apanhar dos meus pais, matava as aulas de Latim e ia até o Colégio André Puente ver as meninas na hora da aula de Educação Física. E la estava, entre as alunas, a "Brigitte Bardot de Canoas", sensualíssima no seu uniforme de ginástica: short bem justinho, delineando as atraentes curvas do seu corpo, e blusinha cavada, ressaltando o colo e os seios. Era um "sexy must" para a época.

Brigitte Bardot - Marcha de Carnaval, em francês.
Brigitte Bardot e Cláudia Cardinale em "Lês Petroleuses"
Brigitte Bardot cantando "Moi Je Joue"
Homenagem à querida amiga Valquíria Machado Fortes


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quarta-feira, 10 de março de 2010

Da roça, em Entre Rios-RS, a chegada em Canoas em fevereiro de 1952

LEGENDA - Prédio que foi a primeira sede provisória da Prefeitura Municipal de Canoas, no período de 15 de janeiro de1940 até final de janeiro de 1952. E a partir de 06 de fevereiro de 1952, a primeira mora da Família de Luiz Pagot e Bililde Antonia Carlotto Pagot, sendo que na porta e janela à direita fora instalado o Bar Ideal, que funcionava também, como restaurante.

Era o dia 06 de fevereiro de 1952. O calor escaldante, quase ao ponto do insuportável. A sorte que chegamos ao entardecer, logo algumas lâmpadas dos postes da rua começaram a acender. A iluminação era ainda com lâmpadas comuns, de uma luz amarelada.

Nessa época, assim que começamos a nos habituar com a "civilização", com os novos ambientes, os novos hábitos e costumes, ainda que falássemos um sotaque bastante carregado de gringo italiano da colônia - o que era motivvo de gozação tanto entre os amigos que íamos formando na rua que passamos a morar, como entre os colegas de colégio -, o que mais se ouvia no rádio, então só em ondas curtas (AM), a partir de 1953, quando foi lançado em disco de vinil, era Kalu, um dos grandes sucessos de Dalva de Oliveira. (abaixo o endereço da música "Kalu"), então casada com o compositor Herivelto Martins, que em 2009 tiveram suas vidas contada na minisérie "Dalva e Hervelto - Uma Canção de Amor".

Ali na mesma rua, moravam o militar e historiador João Palma da Silva, autor de "As Origens de Canoas" e de "A Pequena História de Canoas - Cronologia" (livro este em que Palma me homenageia com algumas citações sobre o meu trabalho de cronista social), além de outros livros de poemas e artigos publicados no Correio do Povo, ainda em formato standard, e em pequenos jornais de Canoas. O "seu" Macahdinho, que era delegado e pai do Derly, Ricardo (o Tota) e Paulo Odone (o Pila), esse dois últimos nossos amigos e companheiro de peladas, ainda no tempo da bola de meia ou de borracha, que jogávamos em terras que pertenciam ao "seu" Jacob Longoni ou "véio" Jacó, como o tratávamos, exatamente onde hoje funciona o Colégio Estadual Marechal Rondon.
Dalva de Oliveira e interpretando "Kalu, um de seu maior sucesso na década de cinquenta, 

Dalva de Oliveira interpretando "Kalu", grande sucesso no início dos anos 50.


1ª Música interpretada ao vivo na TV Brasileira: TV Tupy, em 1950.

domingo, 7 de março de 2010

Historiografia: Xico Júnior por ele mesmo



Quando meus avós, Felice Pagot e Ângela De Giusti Pagot, escolheram o Brasil como lugar definitivo para suas vidas, imigrando de uma Itália que vivia convulcionada por guerras, tomada pelos capitalistas selvagens e o povo trabalhador sem terras, sem casas e sem perspectivas de uma vida ao mínimo digna. Assim, em final de julho de 1921, embarcaram no bastimento Garibaldi que os trouxe, do Porto de Gênova até o Porto de Santos, atravessando o Oceano Atlântico, para o que lhes parecia um eldorado, o Brasil, desembarcando em terra brasileiras no dia 09 de agosto de 1921. Exatos oito anos depois, em três de setembro de 1929, se fixavam definitivamente em terras do Rio Grande do Sul, inicialmente na localidade de Montenegro e depois Torino, no interior do então distrito Carlos Barbosa (hoje município), que pertencia ao município de Garibaldi.
Em 11 de outubro de 2009, por ocasião do "I Incontro Della Famiglia Pagot", realizado no Clube Caça e Pesca, em Bento Gonçalves-RS, quando marcava os 88 ANOS DE BRASIL e os 80 ANOS DE RIO GRANDE DO SUL, lencei o livro "PAGOT - La Storia Della Famiglia", que, sem falsa modéstia, é o maior e mais completo documento sobre a história e a trajetória da família, desde a localidade de Gaiarine, província de Treviso, no norte da Itália, passando pelo embarque no Porto de Gênova até atracar no Porto de Santos no dia 09/08/1921, e um slideshow com mais de 350 fotos, documentos originais da Itália e músicas do folclore italiano no Estado.
E foi lá em Garibaldi, a capital do champagne, no sopé do morro onde morava a família Peterlongo, que eu nasci por volta das três horas do dia 30 de junho de 1944, filho de Luiz Pagot e de Bililde Antonia Carlotto Pagot. Na pia batismal e no Cartório de Registros de Nascimentos, para efeitos histórico-familiar recebi o nome de Francisco Antonio Pagot. E hoje, para efeitos oficiais, sou todo codificado.
Meu pai nasceu no dia 17 de setembro de 1915, na localidade de Gaiarine, província de Treviso, região do Vêneto, na Itália e faleceu no dia 04 de outubro de 1995, em Canoas-RS, e minha mãe, filha de Luiz Carlotto e Maria Martinbianco Carlotto, nasceu no município de Farroupilha-RS, no dia 08 de setembro de 1914 e faleceu no dia 14 de junho de 1977, em Canoas-RS. Tiveram quatro filhos: Francisco Antonio, Bruno (* 02/03/1946), Dirceo (* 28/02/1949) e Maria Isabel (* 03/02/1958 - + 06/05/1969), além dos dois filhos de meu pai, que viuvara e que tinha primeiramente casado com Ezimira Mantovani Pagot (* 08/02/1917 - + 07/06/1942), com quem teve dois filhos: Natalina (* 27/12/1937) e Osmar (* 24/01/1942).
Em Garibaldi passei pouco mais de um ano, quando meus pais decidiram se mudar para o interior de Nova Prata, mais precisamente no interior do distrito de São Jorge (hoje município), na localidade chamada de Paiol Queimado, onde meu padrinho de crisma, Ernesto Fábris, que também morava numa bela mansão na Avenida Goethe, em Porto Alegre, era praticamente o dono de quase tudo: campos com plantações de acácias, pinheiros e outras variedades de árvores, que cortava e transformava em madeira no engenho que ficava no centro de Paiol Queimado. Nós moramos em frente à praça de Paiol Queimado, onde localizava-se também a Igreja, a Escola Estadual de 1º Grau Carlos Tarasconi e, de outro lado, a casa de Ernesto Fábris. Lembro que ele tinha um Ford 49, preto - na época, pode-se dizer, era o carro da moda e que só os grã-finos podiam comprar -, e quando nos dava a oportunidade de uma volta sentíamos, nós crianças filhos de pais pobres, uma alegria quase indígena.
Lá minha saudosa e sempre incansável mãe, além das lidas da casa, e de ensinar a ler e a escrever aos filhos (foi com ela que aprendi a escrever e ler as primeiras letras e palavras, assim como meus irmãos e inclusive meu pai) lecionava destemida para as crianças da Escola Estadual de 1º Grau Carlos Tarasconi, enquanto meu pai se ocupava de outras atividades, como trabalhar no comércio e no próprio engenho do meu padrinho.
Dessa fase, também guardadas na memória com viva lembrança, recordo de quando fugíamos de casa, à sorrelfa da nossa sempre preocupada e dedicada mãe e fora do expediente da serraria, e íamos até o engenho andar com o carrinho, que servia para o transporte das madeiras e tábuas, sob os trilhos que ficavam à uma altura de cerca de três metros. Obviamente, jamais passou pela minha cabeça, dos meus irmãos e amigos, o risco que estávamos correndo. Felizmente, brincamos e nada de acidente jamais aconteceu.
De Paiol Queimado fomos para Entre Rios, ainda no interior de São Jorge. Lá meu pai, para dar subsitência à família, instalou um armarinho de secos e molhados na parte térrea. Ou seja, vendia desde tecidos, material de costura e atavios femininos; farinha de milho e trigo, feijão, arroz, açúcar e erva mate, que eram guardados em tulhas (uma grande arca com divisões, para armazenar os diferentes produtos). E até algumas ferramentas básicas e tradicionais para os colonos, como enxadas, pás, ancinhos, serrotes, facões, etc. No sobrado ou primeiro piso, fica a nossa casa, a nossa moradia, que se tinha cesso através de uma escada instalada pelo lado de fora do prédio, provavelmente com cerca de duas dezena de degraus.
Nova mudança. Da loja de miudezas, ainda em Entre Rios, passamos a morar numa casa cercada de hortas com os mais diferentes tipos de produtos hortifrutigranjeiros, desde alface, radici, tomate, batata, milho, etc, além de um potreiro que papai arrendava da família Tibúrcio e onde colocava para pastar as vacas, cabras e cavalos. Tinha uma vaca da raça Zebu (mocha), mas que ninguém se animava aproximar-se. E era a minha corajosa mãe que tirava o leite, até que um dia um indômito bode, que geralmente ficava preso num cercado de madeira medindo cerca de 4 x 4 metros e com paredes de uma altura superior a dois metros, fugiu. E depois de correr atrás do meu irmão mais velho, que o derrubou com uma cabeçada, chegou à estrebaria, onde mamãe estava tirando leite exatamente da vaca Zebu, e deu-lhe uma cabeçada que a deixou com a perna rocha por vários dias e sem poder se movimentar com a destreza normal. Foram precisos 3 ou 4 homens para prender o indomável bode.
Desse tempo lembro com saudades da simpaticíssima família Tibúrcio, e quando lá íamos na véspera do Natal e do Ano Novo para ganhar nossos docinhos com enfeites. Era sagrado nessas datas nossas lembrançinhas adocicadas com açúcar, confeitos e muito carinho e amor. Tímidos, envergonhados e respeitosos, trajando a melhor roupa, ou o traje domingueiro, íamos, eu e meus irmãos, e dizíamos, saudando-os pelo Natal e Ano Novo, num sotaque de gringo italiano bastante acentuado: "bon princípio de l´anno". Tudo era muito simples, muito sincero, muito humano e eu sentia uma alegria tão grande que depois, já morando na cidade grande onde havia, como dizem, a civilização, nunca mais consegui sentir a mesma emoção, a mesma alegria e o mesmo pulsar do coração. Ainda hoje parecem estar vivas equelas imagens românticas dos idos anos de 1950 e 1951.
Pois, nasci em meio ao clima da II Grande Guerra Mundial, que durou de 1939 à setembro de 1945, quando os oriundi no Rio Grande do Sul, tanto italianos como alemães, eram proibidos de escutar rádio, imposição do governo do presidente Getúlio Dornelles Vargas, que vivia um período de ditadura. Assim, quem dos oriundi tivesse um aparelho de rádio, e descoberto pela polícia, o mesmo era logo confiscado. Da II Guerra Mundial participou a tropa de cerca de 25 mil soldados brasileiros, que intregraram a FEB - Força Expedicionária Brasileira, que desembarcaram na região de Monte Cassino, na Itália. Os "pracinhas da FEB", além do feito de tomarem de assalto o Monte Castelo, na Itália, conforme relatou no livro "Histórias de Pracinhas", o jornalista Joel Silveira, então correspondente de guerra de 1944 a 1945, no dia 29/10/1944, os soldados brasileiros, que integravam a FEB, mesmo sob o ataque aéreo dos inimigos e sem temerem os bombadeios, entoaram o Hino Nacional Brasileiro perfilados em local próximo à Catadral de Pisa, Itália.
No ano em que nasci, outro fato marcante foi a portuguesa, mas brasileiríssima de coração e como cantora, Cármen Miranda ter estrelado o filme "Greenwich Village", nos Estados Unidos, e que aqui no Brasil foi exibido com o título de "Serenata Boêmia".


No escaldante fevereiro de 1952, chegávamos em Canoas, onde meus pais abriram o Bar (e restaurante) Ideal, na rua Santos Ferreira, nº 111, onde do início dos anos 40, ou seja de 15 de Janeiro de 1940 até fevereiro de 1952, funcionou a primeira sede da Prefeitura Municipal de Canoas.
(Brenda Lee em Jambalaya - 1965)


O ANO EM QUE NASCI


Pois, nasci em 1944, em pleno inverno e no exato dia em que todos comemoram mais meio ano, ou seja, bem no dia divisor do primeiro com o segundo semestre, e em meio a turbulência da II Grande Guerra Mundial.


Naquele ano, no futebol, a predominância era total do Sport Club Internacional que já existia há 35 anos, cujo time, praticamente invencível, era chamado de "Rolo Compressor". Nessa década o "Rolo Compressor", pois passava por cima de todos os adversários,  e em 1944 conquistava o penta-campeonato gaúcho (1940 a 1944) e no ano seguinte arrebatava mais uma conquista, tornando-se, assim, hexa-campeão gaúcho.


O time que conquistava o até então inédito título vencera o Gre-Nal da decisão por 2 x 1, com gols de Carlitos e Volpi para o Inter, treinado por Orlando Cavadine, e o uruguaio Ramon Castro descantando para o Grêmio, que tinha como treinador Telêmaco Frazão.  O Sport Club Internacional sagrou-se hexa-campeão gaúcho com a seguinte formação: Ivo; Alfeu e Nena; Assis, Ávila e Abigail. Atacantes: Volpi, Tesourinha, Adãozinho, Motorzinho e Carlitos, contra o Grêmio de Júlio; Clarel e Rui; Vinícius, Touguinha e Sanguinetti. No ataque: Bentevi, Bombachudo, Ramon Castro, Ivo Aguiar e Mário, enquanto que Henrique Maia Failace, "o rei do apito", foi o juiz.
S. C. Internacional penta-campeão de 1944 - Em pé: Assis, Nena, Ávila, Abigail, Ivo e Alfeu. Agachados: Tesourinha, Rui, Villalba, Cacino, Pontes e Eliseu. OBS: Volpi, Motorzinhjo, Adãozinho e Carlitos (esse o maior goleador do S. C. Internacional de todos os tempos), participaram da última partida (decisão) que foi o Gre-Nal.
Ancorei em Canoas no escaldante fevereiro de 1952, quando, mais uma vez, o Sport Club Internacional sagrava-se tri-campeão gaúcho (1950 a 1952) e no ano seguinte conquistava o tetra-campeonato. Era o chamado "Rolinho Compressor", também quase imbatível e logo depois chegou, da reserva do Fluminense do Rio de Janeiro, o centroavante Larry Pinto de Farias, que formou um dos mais completos e "inmarcáveis" ataques que o futebol gaúcho já teve. Tanto que, em 1956, quando uma seleção formada só por jogadores gaúchos, jogando com a camisa da CBD - Confederação Brasileira de Desportos, que representopu o Brasil no II Panamericano, jogado do México, sagrando-se campeão invicto, tinha como atacantes quatro jogadores do Inter (Luizinho, Bodinho, Larry e Chinezinho, este se revezava com Raul do S. C. Floriano, de Novo Hamburgo) e apenas um do G. E. Renner, que era o Enio Andrade. E todos retornaram exibindo, sobre a cabeça, o tradicional "sombrero" mexicano. 
Em pé: Oreco, Milton, Florindo, Paulinho Almeida, Odorico e Salvador. Agachados: Luizinho, Jerônimo, Bodinho, Mujica e Canhotinho. O técnico era o Teté (José Francisco Duarte Júnior).
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