domingo, 21 de março de 2010

58 anos, desde a cidade-vila à metrópole tripartite, acimentada e cheia de espigõe-gaiolas

Sim, 58 anos completou no último mês de fevereiro de 2010 que, por escolha e decisão de meus pais, acabei adotando Canoas como minha segunda cidade. E desses, 44 anos de jornalismo, um marco que jubila com mérito - perdoem a imodéstia - e persistência, e uma boa dose de teimosia, porque não, os esforços na crença do propósito que abracei por espontânea convicção.

Em 44 anos mudou muita coisa. A cidade se desenvolveu, a população cresceu e o censo demográfico e o percentual de novos habitantes que migram anualmente para cá dá o perfil do gênero de cidade que Canoas se tornou. Evoluiu arquitetonicamente e também nos seus meios de tranportes, coletivos e particulares. Mas perdeu - e muito - em qualidade de vida, em senso de fraternidade e como centro de uma civilização sansatamente humana, consciente. Os cinturões de pobresa e miséria foram formando-se à indeferença das autoridades, uma após a outra. Aniquilaram com o seu verde, extinguiram seus espaços que davam uma perfeita e tranqüila liberdade, enquanto cobriram seus campos e vegetações com a carapuça da insensata ganância. Canoas, do saudoso romantismo, da fraternidade incondicional que aprendi a amar, e que hoje, desfigurada e desumanizada, cultural, histórica e social, apenas a suporto.

Iniciei no jornalismo numa época que nem a máquina de escrever, elétrica, existia, e chego, hoje, a viver e conviver com a grande Rede Mundial de Computadores, quando a informática encurta caminhos, aproxima as pessoas, mesmo que virtualmente, o que antes não era sequer imaginável. E com isso me comunico com o mundo, gente que sequer imagino como sejam, como vivem ou quem realmente são. Fico sabendo de quase tudo, até porque esse sistema de comunicação é uma forma de desmascarar muito do que a milênios vinha sendo guardado a sete chaves: o "doppio giocco" patrocinado e apadrinhado pelos governantes, políticos, igrejas, a Católica de modo mais persistente e duradouro, e a elite global dominante.

De uma cidade pouco mais do que uma vila pontuada de campos e vegetação farta, tornou-se, na atualidade, numa metrópole coberta de asfalto, tripartida em muros e portentosa em espigões-gailolas, onde as pessoas vivem como pássaros engaiolados, em meio a selva de pedra, desumanizada, descaracterizada da sua originalidade histórica e desimportada da sua valorização cultural. A histórica linha férrea da tradicional "Maria Fumaça", que fumegante cortava ao meio a cidade com sua "barriga prenha de gente", trabalhadores em idas e vindas a Porto Alegre nas madrugadas e finais de tarde, ou mesmo aos altos da região dos Campos de Cima da Serra, foi, tristemente, cedendo espaço ao metrô de superfície, e agora é apenas parte da história.

Uma história roubada e ignorada em muito de suas ralíquias culturais e arquitetônicas. Alteraram-se os meios, mas ainda não desgastaram de todo o objetivo fundamental que me moveu e comoveu e acabou me levando para o jornalismo: meio de informar, historiar e formar com precisão, imparcialidade e, acima de tudo, com a "verdade factual".
Formatura da Turma do 4º Ano Ginasial do Colégio Estadual Marechal Rondon, em 1961, meus ex-colegas: Na foto à esquerda, indicado pela seta, o hoje médico Indalécio Medina e logo atrás, à esquerda, a Agostinha Alvarez. E na foto à direita, no centro, Eloisa Pinheiro de Menezes, casada adotou o sobrenome Blauth.

Foi nesse embalo, nesse ritmo que, após ter abusado e bisado em reprovação na Escola Estadual Marechal Rondon, que também inaugurei como aluno em 1959, formei-me "Mestre Agrícola" no GAPA - Ginásio Agrícola Porto Alegre, que até o ano anterior era o Patronato Agrícola Senador Pinheiro Machado, que se localizava no alto do Morro Agronomia, no bairro do mesmo nome, nos fundos das faculdades de Agronomia e Veterinária, em Porto Alegre, nos anos de 1962 e 1963. De lá, em 1964, ingressei no Colégio Comercial Canoas, onde conclui o Curso de Técnico em Contabilidade, enquanto que, no período em que estudei no Colégio Estadual Marechal Rondon, também trabalhava das 8 horas da manhã às 18 horas da tarde, na Farmácia Porcello, na Victor Barreto, onde localiza-se hoje o Soppping Via Porcello. E durante o curso de Contabilidade fui funcionário do extinto Banco Agrícola Mercantil, depois, através de fusão com o Banco Moreira Salles, passou para Unibancos e finalmente Unibanco. Isso de 1964 a meados de 1968, quando, a convite do saudoso Alcides Scolari, tio do famoso treinador de futabol Luiz Felipe Scolari (o Felipão), com quem joguei algumas partidas, tanto pela Atlantic como pelo Grupo Scolari, formado pela transportadora de combustíveis e postos de gasolina Scolari, ora em campos da Vila Rio Branco, ora no campo da Vila Igara, fui trabalhar no escritório da Companhia Atlantic de Petróleo, então localizada à beira do Rio Gravatai.

Companhia Atlantic de Petróloa 1969/1970 - Em pé: Homero, Embi. Alcides Scolari (de terno e gravata), ..., Walkir Klinemann (superintendente), Lauro, Francisco Antonio Pagot (o Xico Júnior) e ... Agachados: ..., ..., ..., ... e Ivo.

Depois do GAPA - Ginásio Agrícola Porto Alegre, onde fui interno durante dois anos (1962 e 1963), e que até 1961 havia sido um internato com regime de Patronato Agrícola Senador Pinheiro Machado (regime assemelhado ao dos quartéis do Exército da época) e do Colégio Comercial de Canoas (1964 a 1966), quando conclui o Curso de Técnico em Contabilidade, curso que só me serviu, na vida prática, para exercitar as quatro operações matemáticas básicas. Então, influenciado pela minha saudosa mãe e pelo amigo e fotógrafo Luciano Montagna, fui prestar vestibular para o Curso de Direito na Unisinos, mas em tempo acabei percebendo que não era o que eu queria. Anos depois prestei vestibular para o Curso de Comunicação Social, quando ainda congregava, numa única graduação, as categorias de Jornalismo, Propaganda e Publicidade e Turismo. No meio do curso entendi que ali pouco mais do que já sabia de prático sobre jornalismo ou propaganda e publicidade eu aprenderia, posto que cada professor transmitia os conhecimentos conforme a sua tendência ou preferência político-partidária. E juntando o fato de ter-me separado do primeiro casamento, resolvi abandonar de vez também esse curso. Assim, tornei-me um jornalista e radialista, devida e legalmente registrado, porém auto-didata. E foi o que teimosamente segui, a partir de uma sexta-feira 13 de agosto de 1966, a minha vida toda. Daí nunca ter sido superticioso com relação a datas, fundamentalmente em relação ao número 13.

GAPA 1963 - Francisco Antonio Pagot (Xico Júnior), Oscar De Lucca, Sérgio Narigudo e Vanderley (o Élvis Presley ou "Paciência") em frente ao prédio do Ginásio Agrícola Porto Alegre, no alto do Morro da Agronomia, em Porto Alegre.

A vida tem muitos ângulos de obsrvação, sendo que alguns ficam por muito tempo como que escondidos, desapercebidos, e de repente se nos aparecem, se deixam descobrir e aí a vida nos convida à refletir sobre a temporariedade e a essencialidade do se ser. E somos todos tão fugazes, enquanto que o que parece ser o essencial é imponderável.

E foi sob essa forma de pensar, sentir e refletir que fui encontrando as múltiplas faces do que a vida nos proporciona, nos oferece e que na maioria das vezes parecem prêmios ou uma distinção que só nós podemos usufruir, por sermos únicos, quando na verdade o passar do tempo faz com que a máscara caia e exponha a verdadeira realidade que compõe os comportamentos, as atitudes e os interesses, tudo tão efêmeros quanto hipócritas.

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